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Como as apostas online afetam o orçamento das famílias brasileiras

Representação de uma família feita com recortes de papel branco, composta por dois adultos e duas crianças, sob um telhado simbólico formado por blocos de madeira. Uma mão humana posiciona uma das peças do telhado sobre uma superfície de madeira.

As apostas online se tornaram um fenômeno no Brasil e isso ninguém pode negar. Com um simples clique no smartphone ou tablet, é possível acessar cassinos virtuais, apostar em jogos esportivos e participar de sorteios a qualquer hora do dia, tudo isso com promessas de ganhos rápidos e recompensas sedutoras.

Mas por trás do entretenimento, cresce uma preocupação: como as apostas online têm afetado o orçamento das famílias brasileiras? Para muitos lares, o impacto vai além das finanças e alcança o emocional, os relacionamentos e a saúde mental. 

O crescimento do mercado de apostas e a cultura do ‘ganho fácil’

Com essa explosão do mercado de apostas no país, estima-se que bilhões de reais circulem mensalmente entre plataformas nacionais e estrangeiras. Esse crescimento foi impulsionado por publicidade intensa, presença massiva em eventos esportivos e a naturalização do jogo como forma de lazer.

Ao mesmo tempo, consolidou-se uma perigosa cultura do ‘ganho fácil’. Com isso, apostar deixou de ser apenas passatempo e passou a ser visto, por alguns, como alternativa de renda, principalmente em momentos de crise econômica, desemprego ou dificuldades financeiras.

A ilusão de retorno rápido, somada à facilidade de acesso e à falta de regulação efetiva, cria um ambiente ideal para decisões impulsivas e desequilíbrio financeiro.

Comprometimento da renda familiar e endividamento

Quando o jogo deixa de ser ocasional e passa a ocupar um espaço frequente no orçamento, os efeitos logo se espalham para o núcleo familiar. Prova disso é que muitos jogadores usam recursos destinados a contas básicas, alimentação ou educação para apostar, acreditando que ‘depois recuperam’ ou podem ‘dobrar’ o valor que tem.

Segundo um estudo feito pelo Serasa, tem crescido o número de famílias que buscam renegociar dívidas acumuladas com apostas online, principalmente devido ao uso de cartões de crédito, que mesmo com o uso sendo proibido pela nova regulamentação, possibilita maneiras de transformar o ‘crédito’ em ‘Pix’. Em muitos casos, o limite total é comprometido em poucos dias, na maioria das vezes com sucessivas tentativas de recuperar perdas anteriores.

O Banco Central também  alerta que, em regiões de baixa renda, há relatos de uso do benefício do Bolsa Família para apostas, agravando situações de insegurança alimentar e instabilidade doméstica. Apenas em agosto de 2024, a estimativa é que o setor tenha movimentado cerca de R$ 30 bilhões, grande parte vinda de microtransações e apostas frequentes com valores baixos, mas que, somadas, comprometem fortemente o orçamento familiar. 

Essa realidade mostra que o problema ultrapassa o jogador individual e afeta toda a estrutura familiar, principalmente quando não há planejamento financeiro ou acesso à informação.

Casos frequentes entre famílias de baixa renda

A verdade é que os impactos das apostas online são ainda mais severos em famílias de baixa renda, onde qualquer desvio do orçamento pode comprometer necessidades básicas. Nesses casos, os efeitos dos jogos se somam a um cenário de vulnerabilidade, tornando o acesso a apoio psicológico, jurídico e financeiro ainda mais difícil.

Além disso, muitas dessas famílias têm acesso limitado à educação financeira e convivem com a ideia de que ‘a sorte pode mudar tudo’. O apelo emocional das apostas se torna mais sedutor quanto mais difícil é a realidade.

Consequências emocionais e sociais do desequilíbrio financeiro

Vale lembrar que o descontrole financeiro causado pelas apostas online não se limita a números no extrato bancário. As consequências emocionais também são profundas. 

  • Sentimento de culpa e vergonha por não conseguir parar ou por esconder o comportamento.
  • Discussões familiares, muitas vezes agravadas por mentiras e dívidas ocultas.
  • Ansiedade e depressão, provocadas pelo estresse constante.
  • Isolamento social, seja por medo do julgamento, seja por afastamento natural. 
  • Impacto sobre os filhos, que presenciam o clima de instabilidade e podem ter acesso restrito a bens essenciais.

Em casos mais graves, a situação leva à quebra de vínculos, adoecimento psicológico e exclusão social. O problema ultrapassa a esfera individual e se transforma em uma questão de saúde pública.

O papel da informação e do apoio profissional

Combater os efeitos das apostas no orçamento familiar passa, antes de tudo, por educação e acolhimento. Muitas pessoas não percebem que estão desenvolvendo um comportamento de risco até que as consequências se tornem evidentes.

A orientação profissional com psicólogos, assistentes sociais e educadores financeiros é fundamental para romper o ciclo do endividamento e reconstruir a estabilidade.

Além disso, políticas públicas e campanhas de conscientização são essenciais para alertar sobre os riscos do jogo descontrolado, especialmente entre os mais vulneráveis.

“As apostas online afetam o orçamento das famílias de maneira devastadora. Reconhecer o problema e pedir ajuda é o primeiro passo para proteger lares inteiros do desequilíbrio emocional e financeiro”.

Isadora Saldanha, psicóloga

Conte com o Instituto Bet Responsável

Combater o impacto das apostas online no orçamento das famílias brasileiras exige mais do que alerta, exige ação, acolhimento e compromisso social. Essa é uma das razões pelas quais o Instituto Bet Responsável trabalha para ampliar a conscientização sobre os riscos do jogo descontrolado e oferecer caminhos reais para quem precisa de apoio.

Se você representa uma escola, instituição pública, empresa ou coletivo e deseja promover ações educativas ou construir políticas de prevenção, conte conosco.

Juntos, podemos:

  • produzir materiais informativos voltados a famílias e comunidades;
  • apoiar iniciativas locais de educação financeira;
  • conectar pessoas em situação de risco a redes de apoio psicológico e social;
  • estimular práticas responsáveis dentro do mercado de apostas.

Proteger o orçamento das famílias é também uma forma de preservar dignidade, saúde e futuro. Faça parte desse movimento!