O vício em apostas tem deixado de ser um problema pessoal para se tornar uma preocupação real dentro do ambiente corporativo. Cada vez mais gestores observam quedas de desempenho, uso excessivo do celular e mudanças comportamentais que, quando somadas, podem revelar um quadro de ludopatia em evolução.
Mas por ser um comportamento muitas vezes invisível, o vício em apostas pode ser confundido com estresse, desmotivação ou procrastinação. Isso contribui para a subnotificação do problema e retarda medidas de acolhimento e prevenção.
Por isso, saber como identificar vício em apostas no trabalho é o primeiro passo para agir de forma responsável, tanto para proteger a saúde do colaborador quanto para evitar prejuízos à empresa.
Por que o RH precisa estar atento?
O acesso facilitado a plataformas de apostas esportivas e jogos online, especialmente via celular, permite que o comportamento compulsivo se manifeste mesmo durante o expediente. O problema, silencioso em um primeiro momento, tende a se agravar com o tempo, afetando produtividade, clima organizacional e segurança interna.
O vício em apostas, ou ludopatia, é reconhecido como um transtorno do controle de impulsos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). E como todo transtorno, tem sinais progressivos e rastros visíveis no cotidiano corporativo.
Como identificar vício em apostas no trabalho?
Mesmo que os sinais do vício em apostas sejam progressivos, eles podem passar despercebidos por gestores, líderes de equipe e profissionais de RH. Por essa razão, separamos os mais comuns, que não devem ser tratados como diagnóstico, mas como indicadores para investigar, acolher e agir preventivamente.
Queda repentina de desempenho
Um dos sinais mais comuns é a redução brusca na performance. O colaborador passa a errar mais, entregar menos, perder prazos ou demonstrar desatenção. Isso ocorre porque o cérebro do dependente em apostas online busca estímulo constante, como acompanhar jogos em tempo real ou esperar resultados de apostas.
Uso frequente e disfarçado do celular
A maioria dos sites e apps de apostas é otimizada para o celular. Por isso, o uso constante do aparelho durante reuniões, pausas curtas ou, até mesmo, em atividades operacionais pode indicar envolvimento com apostas. A tentativa de esconder a tela ou sair para usar o celular repetidamente também são sinais de alerta.
Empresas que utilizam ferramentas de produtividade e sistemas de monitoramento de comportamento digital podem identificar picos de distração ou padrões atípicos de uso da internet, colaborando com a prevenção.
Mudanças comportamentais
O vício em apostas também pode provocar alterações no humor e no comportamento, tais como irritabilidade ou impaciência, ansiedade constante, euforia seguida de apatia e isolamento social ou perda de interesse nas interações da equipe. Essas mudanças emocionais costumam estar ligadas ao ciclo de perdas e ganhos típicos do comportamento compulsivo.
Problemas financeiros visíveis
Embora nem sempre seja possível identificar, colaboradores com dívidas ou dificuldades financeiras podem apresentar indícios indiretos, como:
- pedidos recorrentes de adiantamentos;
- empréstimos entre colegas;
- queixas frequentes sobre falta de dinheiro.
Isso porque a compulsão por apostas pode levar rapidamente à instabilidade financeira, afetando, inclusive, decisões dentro da empresa, principalmente se o colaborador atua com finanças, compras ou contratos.
Afastamentos e faltas injustificadas
Casos mais avançados de ludopatia também costumam gerar absenteísmo, seja por questões emocionais, problemas com a família ou necessidade de lidar com dívidas. Isso exige atenção redobrada do RH, que deve buscar compreender a origem desses afastamentos e oferecer apoio antes de tomar medidas disciplinares.
O que a empresa pode fazer?
Saber como identificar vício em apostas no trabalho não significa julgar nem punir o colaborador automaticamente. O papel do RH e das lideranças deve ser de acolhimento, escuta e prevenção, evitando agravamentos.
Especialistas alertam que o vício em apostas pode consumir, em média, até quatro horas por dia da jornada do colaborador, segundo apuração do Valor Econômico. Esse tempo é invisível aos olhos da produtividade, mas profundamente impactante para os resultados da equipe.
Algumas boas práticas que a empresa pode incorporar no dia a dia são:
- Inserir o tema nas campanhas internas de saúde mental.
- Ter canais seguros para escuta e apoio psicológico.
- Criar protocolos para investigar condutas reincidentes.
- Definir políticas claras sobre o uso de dispositivos no expediente.
- Promover treinamentos para gestores sobre como lidar com situações sensíveis.
A verdade é que o vício em apostas é um problema sério, silencioso e crescente dentro das empresas. Por isso, saber como identificá-lo no trabalho é um passo essencial para proteger a equipe, evitar prejuízos à companhia e contribuir para um ambiente corporativo mais saudável e humano.
Mais do que punir, é preciso agir com responsabilidade e consciência, e o RH pode (e deve) ser protagonista nessa mudança. Conte com o Instituto Bet Responsável para levar mais educação e informação aos colaboradores!