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Empresas que acolhem: boas práticas para incluir a ludopatia nas políticas de saúde mental

Nos últimos anos, a saúde mental ganhou espaço no ambiente corporativo, e com razão. Colaboradores emocionalmente saudáveis são mais produtivos, criativos e engajados. Mas à medida que as apostas online se tornam parte do cotidiano de milhões de brasileiros, um novo desafio entra no radar dos RHs: a ludopatia, ou vício em jogos de azar. 

Silenciosa e muitas vezes invisível, essa condição pode impactar diretamente o desempenho, a convivência e a estabilidade financeira dos profissionais. Por isso, incluir a ludopatia nas políticas de saúde mental das empresas é mais do que uma ação de cuidado: é um compromisso institucional.

Ludopatia no ambiente corporativo: um problema invisível, mas crescente!

O fácil acesso a plataformas de apostas esportivas, jogos do tipo ‘tigrinho’ e cassinos online tem levado muitos trabalhadores a desenvolver comportamentos compulsivos, muitas vezes durante o próprio expediente. 

E o grande problema é que esse comportamento não apenas afeta a produtividade, mas também pode gerar ausências, falhas técnicas, pedidos de adiantamento, endividamento pessoal e até episódios de fraude. O agravamento da dependência, por sua vez, costuma vir acompanhado de ansiedade, insônia, depressão e isolamento, todos já reconhecidos como fatores de risco no contexto ocupacional.

Por que a política de saúde mental deve incluir a ludopatia?

Tradicionalmente, as políticas de saúde mental corporativas abordam temas como estresse, burnout, ansiedade e depressão. Mas a ludopatia já é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelos manuais diagnósticos (como o DSM-5) como um transtorno de saúde mental. Ou seja, não é apenas um ‘hábito ruim’ ou uma escolha consciente e isolada, é uma condição que exige prevenção, diagnóstico e cuidado.

Projetos de lei como o PL 4583/24, aprovado pela Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados, que cria o Programa Nacional de Assistência Integral às Pessoas com Transtorno de Jogo, utilizando as estruturas do Sistema Único de Saúde (SUS), do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e da Rede de Atenção Psicossocial e outras iniciativas municipais, mostram que o poder público já reconhece a urgência de tratar a ludopatia como uma questão de saúde coletiva. E essa mudança de paradigma também deve alcançar o setor privado.

Ao incluir a ludopatia em sua política de saúde mental, a empresa amplia sua capacidade de acolher e apoiar os colaboradores de forma efetiva e humanizada, além de contribuir para a redução de riscos trabalhistas, financeiros e reputacionais.

Estratégias de prevenção e acolhimento dentro das empresas

A inclusão da ludopatia nas estratégias de saúde mental corporativa pode ser feita de forma integrada, com ações simples e eficazes. Veja algumas práticas recomendadas!

1. Diagnóstico organizacional ampliado

Mapear os fatores de risco presentes no ambiente de trabalho, como alta pressão por resultados, cultura de hipercompetitividade ou ausência de pausas, pode ajudar a entender por que certos comportamentos compulsivos surgem.

2. Campanhas internas de conscientização

Incluir o tema apostas e jogo responsável nas campanhas de saúde mental e bem-estar ajuda a combater o estigma, informar os colaboradores e incentivar a busca por apoio.

3. Capacitação de lideranças e RHs

Treinar gestores para identificar sinais de comportamento compulsivo e acolher o colaborador com empatia é fundamental para prevenir agravamentos e afastamentos.

4. Ampliação dos canais de escuta

Disponibilizar psicólogos, programas de apoio ao colaborador (PAE) ou plataformas anônimas de escuta ativa cria um ambiente seguro para que o colaborador se sinta à vontade para pedir ajuda.

5. Parcerias com especialistas externos

Firmar convênios com clínicas, terapeutas e organizações especializadas no tratamento da dependência em jogos pode facilitar o acesso ao cuidado contínuo.

6. Promoção da educação financeira

Iniciativas que ajudam os colaboradores a entender e reorganizar sua relação com o dinheiro são grandes aliadas na prevenção do endividamento e da compulsão.

Exemplos de boas práticas!

Empresas que atuam em setores com alta pressão (como tecnologia, mercado financeiro ou atendimento ao público) e que já começam a perceber os impactos da ludopatia no dia a dia, podem atuar de forma estratégica:

  • Inserção do tema em CIPs e semanas da saúde mental;
  • Blitz de RH com apoio psicológico em áreas operacionais;
  • Oficinas sobre autocontrole digital e limites no uso de aplicativos;
  • Protocolos de abordagem humanizada para casos de compulsão detectada internamente.

Essas medidas demonstram que é possível acolher com responsabilidade, sem expor ou penalizar o colaborador.

Saúde mental é compromisso institucional, e deve ser ampla!

A dependência em apostas é uma realidade que atravessa a porta das empresas todos os dias, mesmo quando não é falada. Por essa razão, ignorar o tema é permitir que ele cresça em silêncio, afetando pessoas, equipes e resultados. Incluir a ludopatia na política de saúde mental corporativa é um passo necessário para construir ambientes mais humanos, éticos e sustentáveis.

O Instituto Bet Responsável acredita que empresas que acolhem com coragem são aquelas que reconhecem a complexidade dos seus talentos e se comprometem com o cuidado integral. Porque saúde mental também é responsabilidade coletiva!