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Apostas no celular: o que muda com a liberação dos apps e quais os riscos para os mais vulneráveis?

A liberação dos aplicativos de apostas na Play Store brasileira marca uma nova etapa no mercado das bets. Com milhões de downloads possíveis com apenas um toque, essa mudança reduz barreiras de entrada  e potencializa os riscos para os usuários mais vulneráveis. 

A verdade é que a rapidez e fluidez da experiência móvel exigem ainda mais atenção de jogadores, familiares e sociedade civil para prevenir a urgência compulsiva e seus impactos.

O avanço dos aplicativos de apostas no Brasil

Até junho de 2025, os apps de apostas esportivas ainda não estavam oficialmente disponíveis na loja de aplicativos mais popular no Brasil. Mas tudo mudou com a decisão do Google em liberar oficialmente esses aplicativos, desde que operem com licença válida e sigam critérios rigorosos de licenciamento. 

Vale lembrar que em maio, plataformas de apostas ficaram em 2º lugar no ranking de sites mais acessados no país, atrás apenas do Google, com cerca de 2,7 bilhões de visitas no mês, acessados normalmente por navegação direta no celular. 

Aplicativos de apostas: facilidade ou armadilha?

A conveniência atrelada aos aplicativos de apostas, com acesso 24 horas, notificações constantes, bônus persuasivos, cria um ambiente ideal para uso excessivo ou impulsivo. A usabilidade fluida e o design gamificado reforçam a sensação de controle, o que pode mascarar os riscos reais de compulsão e endividamento. 

Quem mais sofre com isso?

Usuários vulneráveis, como jovens, pessoas com histórico de distúrbios emocionais ou em recuperação da dependência, estão em maior risco de sofrer com a liberação dos aplicativos de apostas. 

O que dizem as regras: regulação, dever das plataformas e limites legais?

A regulamentação brasileira estabelece exigências claras para aplicativos de apostas. A Portaria SPA/MF nº 1.207/2024 define critérios técnicos para que jogos online sejam certificados e seguros, com mecanismo aleatório, tabelas de pagamento visíveis antes da aposta e quota fixa. Além disso, a Portaria SPA/MF nº 1.231/2024 trata diretamente de práticas de jogo responsável, publicidade, deveres dos apostadores e arquiteturas de proteção ao usuário. 

Essas normas também exigem suporte a apostadores vulneráveis por meio de ferramentas como limites de depósito, autoexclusão, verificação de identidade (KYC) e restrições de acesso.

Caminhos para proteção e conscientização

A sociedade civil pode atuar em colaboração com operadoras e órgão reguladores para reforçar a proteção:

  • Apoiar campanhas educativas sobre os riscos dos aplicativos.
  • Promover o uso de ferramentas de bloqueio digital.
  • Incentivar autorregulação societária e acolhimento a quem busca ajuda.
  • Exigir transparência dos aplicativos: segurança técnica e mecanismos para prevenção da compulsão.

O acesso mais seguro via Play Store não elimina o risco de comportamento problemático, mas cria novas responsabilidades para as plataformas e sua regulação.

Quando o jogo ultrapassa a palma da mão

A verdade é que a democratização dos aplicativos de apostas representa uma dupla tendência: inovação e risco ampliado. A rapidez na experiência não deve ser confundida com segurança. Cabe à sociedade, aos players reguladores e às próprias plataformas garantir que o fácil acesso seja acompanhado de protocolos robustos de proteção, principalmente para usuários mais vulneráveis.

O Instituto Bet Responsável acredita que a digitalização das apostas exige uma abordagem cuidadosa e ética. A tecnologia facilita o acesso, mas não pode tornar invisíveis os efeitos do jogo compulsivo. Saiba mais sobre o transtorno do jogo ↓