Associada às apostas esportivas e jogos de cassino, a ludopatia já afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, inclusive no Brasil, trazendo consequências para a saúde mental, para os relacionamentos interpessoais e até para a saúde financeira de quem sofre com esse mal.
Por isso, neste post vamos explicar o que é a ludopatia, como reconhecê-la, quais as formas de tratamento disponíveis e como familiares e profissionais podem ajudar aqueles que enfrentam esse desafio.
O que é ludopatia?
A ludopatia é o vício em jogos de azar ou apostas esportivas, uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, é reconhecida pelos CID 10-Z72. 6 (mania de jogo e apostas) e 10-F63. 0 (jogo patológico).
A ludopatia é caracterizada pela perda do controle sobre o comportamento, levando o indivíduo a apostar de maneira compulsiva e a continuar jogando mesmo quando isso já o causou sérios prejuízos.
“A principal característica da ludopatia é a busca incessante por uma vitória ou pela sensação de prazer proporcionado pelas apostas, o que gera uma repetição do comportamento, mesmo diante das consequências negativas. É importante destacar que a ludopatia não é apenas sobre perder dinheiro, mas envolve uma série de impactos psicológicos e emocionais que afetam a vida do dependente”.
Isadora Saldanha, psicóloga
Sinais de alerta
Identificar os sinais de alerta é essencial para ajudar uma pessoa a procurar tratamento. Alguns dos principais sintomas da ludopatia são apostas frequentes e em maiores quantidades; a busca por emoção; a mentira; tentativas de parar sem sucesso e, com isso, problemas financeiros e interpessoais.
Apostas frequentes e em grandes quantidades
O dependente começa a apostar mais do que pode perder, frequentemente gastando mais do que pode e afetando suas finanças pessoais.
Busca por emoção
O jogador busca a “sensação” do jogo, o que pode levá-lo a apostar cada vez mais para experimentar o prazer da adrenalina.
Mentir sobre o vício
Mentiras sobre o tempo gasto apostando ou sobre as perdas acumuladas, evitando discutir o problema com familiares ou amigos.
Tentativas de parar sem sucesso
O jogador tenta parar de apostar várias vezes, mas sem sucesso, demonstrando um padrão de fracasso em controlar o comportamento.
Problemas financeiros e pessoais
A ludopatia começa a afetar outras áreas da vida, incluindo relações familiares, amizades e responsabilidades financeiras.
Como tratar a ludopatia?
O tratamento da ludopatia exige uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir diferentes formas de terapia, grupos de apoio e, em alguns casos, o uso de medicamentos. A combinação desses métodos deve ser personalizada para atender às necessidades individuais do paciente.
Terapia como pilar do tratamento
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Reconhecida como uma das mais eficazes, a TCC ajuda o paciente a identificar e modificar pensamentos e comportamentos que alimentam a compulsão por jogos. Além disso, ensina técnicas de controle de impulsos e estratégias para lidar com os gatilhos emocionais que levam ao jogo.
Terapias alternativas e complementares
Além da TCC, abordagens como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), a Terapia Dialética Comportamental (TDC) ou outras também podem ser eficazes. Elas ajudam o paciente a desenvolver autoconsciência, aceitar seus desafios emocionais e construir uma vida alinhada aos seus valores.
Grupos de apoio
Participar de grupos de apoio, como os Jogadores Anônimos, pode fornecer uma rede de suporte emocional e prática para o tratamento da ludopatia. Isso porque, nesses encontros os participantes compartilham suas experiências e aprendem uns com os outros, ajudando a construir a resiliência para enfrentar o vício.
Medicação
Em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser indicado para tratar transtornos associados à ludopatia, como depressão, ansiedade ou compulsividade. Antidepressivos e estabilizadores de humor devem ser utilizados sob supervisão médica.
“Vale lembrar que o tratamento para a ludopatia é individual e pode variar de acordo com as necessidades de cada paciente, sendo importante que o diagnóstico e o plano terapêutico sejam realizados por uma equipe multidisciplinar de profissionais da área de saúde mental”.
Isadora Saldanha, psicóloga
Sou familiar, como ajudar?
Se você tem um familiar que sofre de ludopatia, a ajuda começa com a compreensão e o apoio.
“O apoio familiar é fator essencial durante todo o tratamento da ludopatia, e, posteriormente, para a prevenção de recaídas”, ressalta a psicóloga.
Segundo ela, os familiares precisam em primeiro lugar compreender o que é a ludopatia e como ela afeta o indivíduo, criando, assim, empatia e abordagens mais eficazes. Essas abordagens incluem conversas sem julgamentos sobre o problema, mostrando que se preocupa com o familiar e que está disposto a ajudar a encontrar soluções.
Na busca por soluções para a ludopatia, está a ajuda de profissionais de saúde mental, como médicos e terapeutas especializados, que devem auxiliar nessa trajetória de recuperação.
É importante lembrar que ao oferecer ajuda a um familiar ou amigo com ludopatia, o suporte e apoio são valiosos, mas esse é um processo desafiador. Então, ainda que você esteja ‘cuidando do outro’, não esqueça de cuidar da sua própria saúde e bem-estar, estabelecendo limites sobre o que você pode e o que não pode fazer pela pessoa.
“A recuperação é um processo, não um evento. Haverá altos e baixos. Sua paciência e apoio contínuo podem fazer uma diferença significativa, mas a mudança deve vir da própria pessoa”.
Sou profissional, como oferecer ajuda?
Se você é um psicólogo, terapeuta ou trabalha em uma clínica especializada no tratamento de ludopatia, entre em contato e faça parte do diretório de profissionais do Instituto Bet Responsável. Assim, você poderá oferecer ajuda aos dependentes e contribuir com a conscientização e as práticas do jogo responsável.