A era digital aproximou os jovens de todo tipo de conteúdo, inclusive das apostas. Com poucos cliques, adolescentes e universitários têm acesso, muitas vezes irrestrito, a plataformas que prometem ganhos rápidos, diversão e adrenalina.
Mas por trás das promessas, cresce uma realidade silenciosa e preocupante: o aumento do vício em apostas online entre jovens e seus impactos diretos na educação, nas finanças e no futuro profissional dessa geração.
Apostas online entre jovens: um problema silencioso e crescente
Segundo a informação divulgada pela Veja, de uma pesquisa recente realizada pelo Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid), 55% dos jovens entre 14 e 17 anos que apostam apresentam algum grau de risco ou já manifestam sinais de transtorno relacionado ao vício. Ou seja, o que antes era apenas um passatempo ocasional passou a ocupar horas do dia, interferir no desempenho acadêmico e comprometer decisões importantes da vida adulta.
A naturalização das bets entre jovens se dá, em grande parte, pela forma como elas são apresentadas. Muitas plataformas utilizam recursos visuais inspirados em videogames, linguagem informal e campanhas de marketing que associam apostas à cultura digital jovem. Essa “gamificação” pode confundir os limites entre lazer e risco, reduzindo a percepção de que ali existe um sistema financeiro com alto poder de destruição emocional.
O vício afeta o desempenho acadêmico e causa evasão
Um levantamento divulgado pela Agência Brasil em julho de 2025 revelou um dado alarmante: 34,4% dos jovens que apostam frequentemente precisarão interromper seus gastos com apostas se desejarem ingressar na universidade em 2026. O estudo também mostra que entre os apostadores entrevistados que já estão no ensino superior, 14% deles atrasaram a mensalidade ou trancaram o curso devido aos gastos em casas de apostas.
É importante lembrar ainda que, em muitos casos, o aluno perde o foco, deixa de comparecer às aulas ou entrega trabalhos com baixa qualidade, pois a tentativa de recuperar perdas financeiras se sobrepõe aos estudos. Há ainda os que apostam durante as aulas, no intervalo entre provas ou, até mesmo, dentro da sala, em partidas ao vivo.
O que se observa é uma deterioração progressiva do desempenho escolar, acompanhada de um afastamento emocional das metas educacionais. O vício em apostas rouba não apenas o tempo, mas a capacidade de concentração e planejamento, habilidades essenciais para concluir um curso superior.
Endividamento estudantil e dependência emocional
Outro efeito grave das apostas online entre jovens é o endividamento precoce. Muitos jovens utilizam cartão de crédito dos pais ou empréstimos pessoais para manter o vício. Quando as perdas se acumulam, o desespero por recuperar o dinheiro perdido alimenta um ciclo de novas apostas, levando a dívidas ainda maiores.
Mas o problema não é só financeiro. O jogo compulsivo entre universitários está cada vez mais associado a sintomas de dependência emocional: necessidade de apostar para aliviar frustrações, raiva quando não se consegue jogar, sentimentos de culpa e isolamento social.
Além disso, o uso frequente de apostas como válvula de escape para o estresse acadêmico pode mascarar quadros de ansiedade e depressão, dificultando o diagnóstico e o tratamento adequados.
Os impactos na vida profissional
O vício em apostas pode comprometer a trajetória profissional antes mesmo dela começar. Jovens que interrompem a graduação ou acumulam um histórico de instabilidade emocional e endividamento têm mais dificuldade para conquistar boas oportunidades no mercado de trabalho.
Mesmo aqueles que conseguem concluir o curso enfrentam desafios para manter o desempenho no estágio ou primeiro emprego. A falta de foco, os atrasos, as ausências e o uso do celular durante o expediente são comportamentos que comprometem a imagem profissional e, muitas vezes, resultam em desligamento precoce.
Em setores mais exigentes, como tecnologia, saúde, atendimento ao cliente e mercado financeiro, o histórico de vício em jogos pode gerar restrições quanto à contratação, principalmente quando há evidências de instabilidade emocional ou envolvimento em fraudes.
O papel das instituições de ensino, empresas e famílias
Diante desse cenário preocupante, combater o vício em apostas entre jovens exige uma atuação conjunta. Famílias precisam estar atentas a mudanças de comportamento, como isolamento, irritabilidade, perda de interesse por estudos ou problemas financeiros inesperados, que sempre soam como sinais de alerta. O diálogo aberto, sem julgamento, é essencial para que o jovem reconheça o problema e aceite ajuda.
As instituições de ensino também têm papel estratégico na prevenção. É urgente que universidades implementem campanhas de conscientização, criem canais de acolhimento e integrem a discussão sobre jogos de aposta às políticas de bem-estar estudantil.
Já as empresas que contratam jovens talentos devem estar preparadas para identificar os impactos do vício no ambiente corporativo. Investir em saúde mental, oferecer apoio psicológico e manter uma cultura organizacional transparente e acolhedora são caminhos para proteger não apenas o desempenho profissional, mas o futuro da geração que está chegando ao mercado de trabalho.
Lembre-se: proteger os jovens é proteger o futuro!
Ao que tudo indica, a ascensão das apostas online entre jovens não é uma tendência passageira, é um problema real, com efeitos profundos sobre o presente e o futuro da juventude brasileira, pois quando o jogo deixa de ser lazer e passa a impedir a conquista de um diploma ou a construção de uma carreira, o prejuízo não é só individual, mas coletivo.
Por essa razão, o Instituto Bet Responsável defende uma atuação ética, preventiva e colaborativa para enfrentar essa nova forma de dependência. Isso inclui a responsabilidade das plataformas de apostas, a regulação do setor e, principalmente, a mobilização de famílias, escolas, universidades e empresas em prol do cuidado com a saúde mental dos jovens.
Vamos discutir mais sobre essas responsabilidades e buscar alternativas de prevenção e tratamento da ludopatia?