O crescimento acelerado das apostas online no Brasil acendeu um alerta em diferentes setores da sociedade, especialmente no que diz respeito à saúde financeira das famílias e ao impacto dessa atividade em jovens e pessoas de baixa renda.
Com isso, o Senado Federal instaurou a CPI das bets, uma Comissão Parlamentar de Inquérito com o objetivo de investigar o funcionamento desse mercado, possíveis irregularidades e propor medidas para mitigar os danos causados pelo vício em jogos de azar.
Entenda aqui tudo que você precisa saber sobre o assunto: o que motivou a criação da CPI, quem são os alvos da investigação, os efeitos das apostas no orçamento das famílias brasileiras e por que o jogo responsável deve estar no centro das soluções.
CPI das Bets: principais acontecimentos
A CPI das bets, que foi oficialmente instalada no Senado com foco em investigar os impactos sociais e econômicos das apostas online em novembro de 2024, ganhou força com o passar dos meses e já passou por alguns marcos desde sua criação. Confira os principais e suas características!
- Abril de 2025: o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, é convidado a prestar esclarecimentos. Em seu depoimento, afirma que o BC não tem responsabilidade direta na regulação das bets, mas reconhece o potencial de risco financeiro para os usuários, principalmente entre famílias de baixa renda.
- Convocações polêmicas: a CPI convoca diversos influenciadores digitais que promovem casas de apostas. Deolane Bezerra, um dos nomes mais citados, consegue habeas corpus no STF e não comparece à oitiva. Outros nomes como Tirulipa e Gkay também são alvo da comissão.
- Ações da comissão: são aprovados mais de 30 requerimentos, entre eles o acesso a dados de empresas de apostas e de instituições financeiras envolvidas em movimentações suspeitas.
- Dados alarmantes: a CPI apresenta estudos apontando que mais da metade dos adolescentes entre 14 e 17 anos que apostam online já apresentam comportamento de risco. Pessoas com renda inferior a um salário mínimo também demonstram maior propensão ao vício.
A expectativa é que o relatório final da comissão proponha não apenas ações punitivas, mas também iniciativas preventivas, voltadas à educação e regulamentação do setor.
Influenciadores na mira da Justiça
Um dos pontos mais polêmicos da CPI das bets é a relação entre influenciadores digitais e as casas de apostas. Com milhões de seguidores, essas personalidades promovem plataformas de jogos online como se fossem apenas mais um passatempo, e muitas vezes sem alertar sobre os riscos envolvidos.
A comissão questiona até que ponto esses influenciadores contribuem para a banalização do jogo e se há envolvimento direto com práticas ilícitas, como lavagem de dinheiro ou aliciamento de menores de idade. Alguns deles receberam quantias milionárias para fazer publicidade, por exemplo, o que levantou dúvidas sobre a origem desses recursos e o grau de responsabilidade sobre o impacto que causam em seus públicos.
A relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke, chegou a propor a proibição total da publicidade de apostas por influenciadores, comparando os riscos àqueles causados por bebidas alcoólicas e cigarro.
A investigação também busca entender como funcionam os contratos entre essas figuras públicas e as casas de apostas, e se há cláusulas que incentivam ou premiam os resultados obtidos, como o aumento de cadastros e apostas.
Impactos do jogo para as famílias de baixa renda
Outro ponto central da CPI é o efeito das apostas online no orçamento das famílias mais vulneráveis economicamente. A promessa de ganhos rápidos e fáceis atrai especialmente quem vive em condições financeiras delicadas, que é justamente o público que menos pode arcar com perdas.
Dados revelados durante os trabalhos da comissão apontam que uma parcela significativa dos usuários de plataformas de apostas é composta por pessoas com renda de até um salário mínimo. Em agosto de 2024, beneficiários de programas sociais como o Bolsa Família transferiram bilhões de reais para casas de apostas, levantando preocupações sobre a utilização de recursos públicos para jogos.
Essa realidade escancara o vício em apostas como um fator de desorganização financeira nas classes mais baixas, gerando um um ciclo de endividamento, pois as apostas comprometem não apenas a renda imediata, mas geram dívidas, atrasos em contas básicas e até o colapso da estrutura familiar.
Além disso, é comum que o vício afete o comportamento, gerando tensão, conflitos domésticos, abandono de responsabilidades e queda no rendimento escolar e profissional.
Importância do jogo responsável
Diante de todos esses fatores que citamos acima, a CPI reforça a necessidade urgente de promover o jogo responsável como parte da cultura das apostas no Brasil. Isso significa criar um ambiente onde o apostador tenha acesso a informações claras, ferramentas de controle e suporte em caso de necessidade.
Lembrando que desde janeiro deste ano as plataformas de apostas já devem seguir regras mais rígidas, que visam às práticas mais seguras de apostas, como a limitação do uso de cartões de crédito e a obrigatoriedade de ferramentas de autoexclusão para os jogadores.
Mas é fundamental que o setor não apenas siga a legislação, mas adote práticas transparentes e responsáveis, oferecendo suporte real para quem precisa.
Ações em andamento
É claro que a CPI das bets representa um passo importante para entender o que está por trás da explosão do mercado de apostas online no Brasil, principalmente sobre quais são os impactos reais dessa prática na vida das pessoas. A comissão ainda está em andamento, mas os dados já revelados acendem um alerta sobre a necessidade de controle em relação à regulação vigente e da importância da informação para a sociedade, já que as apostas online não são apenas um fenômeno digital, mas se mostram um reflexo de falta de educação financeira e vulnerabilidade emocional.
Discutir o jogo responsável não é um detalhe, é parte fundamental do caminho para um ambiente mais seguro e equilibrado. Conte com o Instituto Bet Responsável para entender mais sobre o assunto!