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Epidemia das bets: quando surgiu o termo e qual seu impacto para a sociedade?

Homem de camisa social clara, apoiado em uma varanda à noite, usando o celular. Ao fundo, a cidade iluminada com luzes de prédios e postes.

Nos últimos anos, o Brasil vive uma verdadeira explosão no mercado de apostas esportivas e jogos online. Plataformas de apostas patrocinam times de futebol, estampam propagandas na televisão e dominam os aplicativos mais baixados nas lojas virtuais. Diante desse crescimento acelerado e desregulado, surgiu um novo conceito que chama atenção: a epidemia das bets.

O termo, embora informal, ganhou força em reportagens, estudos acadêmicos e debates parlamentares para descrever esse fenômeno preocupante das apostas online, seus impactos sobre a saúde mental e financeira das pessoas, além da dificuldade do Estado em regular e conter seus efeitos negativos.

Entenda a seguir sobre essa epidemia social e como o jogo responsável pode ajudar a enfrentar esse problema!

O que são bets?

“Bets” é a forma popular como os brasileiros se referem às casas de apostas online, especialmente as esportivas. Essas plataformas permitem que o indivíduo aposte dinheiro em resultados de jogos de futebol, placares, escanteios, número de gols e até mesmo em eventos dentro das partidas, como quem vai marcar primeiro.

Mas o universo das bets vai muito além dos gramados. As famosas “máquinas caça-níquel”, conhecidas como slots, as roletas, os bingos, e outros jogos de azar também fazem parte desse ecossistema. Com poucos cliques e valores mínimos, como jogos de 10, 20 e 50 centavos, qualquer pessoa com acesso à internet pode começar a apostar, e é justamente essa facilidade que alimenta a expansão do setor.

No Brasil, a legalização das apostas de quota fixa ocorreu em 2018. Desde então, o número de plataformas cresceu exponencialmente. Entenda mais sobre essa regulamentação a seguir!

Como funcionam as apostas online e qual a regulamentação?

As apostas online funcionam a partir de plataformas digitais que permitem ao usuário fazer previsões sobre o resultado de eventos esportivos e também participar de jogos de cassino, como roletas, slots e bingo. No caso das apostas de quota fixa, o apostador sabe, antes mesmo de apostar, quanto pode ganhar se acertar o palpite.

Esse tipo de aposta foi legalizado no Brasil em 2018, com a sanção da Lei nº 13.756. Mas foi só a partir de 2023, com a aprovação da Lei nº 14.790, que o mercado passou a contar com regras mais amplas e específicas, incluindo também os jogos online, como os populares caça-níqueis digitais e os jogos de cassino ao vivo.

Para garantir que o setor opere com mais segurança e transparência, o governo criou, em 2024, a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), vinculada ao Ministério da Fazenda. Essa secretaria passou a ser responsável por fiscalizar o setor, autorizar operadoras, criar portarias regulatórias e aplicar mecanismos de proteção ao consumidor.

Desde então, foram implementadas diversas exigências para que as plataformas de apostas possam operar legalmente no país. Confira algumas a seguir!

  • Autorização prévia da SPA-MF: apenas casas de apostas autorizadas podem operar no Brasil. 
  • Extensão “.bet.br”: todas as plataformas regulamentadas devem operar com domínio que identifique sua autorização legal.
  • Identificação segura do apostador: os sites devem exigir reconhecimento biométrico ou senha, e solicitar nova autenticação após 30 minutos de inatividade.
  • Pagamentos rápidos e seguros: os prêmios devem ser pagos em até 120 minutos após o fim do evento esportivo, mesmo fora do horário bancário.
  • Conta bancária em nome do jogador: só é permitida a movimentação via débito, com conta do próprio apostador.

Além disso, as casas autorizadas precisam recolher impostos, contribuir com licenças obrigatórias e manter sistemas de monitoramento para coibir fraudes, lavagem de dinheiro e manipulação de resultados.

É claro que a regulamentação representa um avanço importante, mas ainda há desafios. Um dos principais é conciliar o crescimento do setor com a proteção da saúde mental dos apostadores, principalmente entre aqueles que estão em situação de vulnerabilidade social ou já apresentam comportamentos de risco.

É por isso que, mais do que regras para as empresas, o debate precisa envolver informação, limites e apoio ao jogador.

Quais os perigos para as famílias e para a sociedade?

A chamada “epidemia das bets” não se refere apenas à quantidade de sites ou ao número de apostas realizadas, mas aos impactos diretos dessa atividade sobre indivíduos e famílias, como a dependência, os transtornos mentais associados e o endividamento familiar; problemas reais e crescentes.

Ludopatia 

A ludopatia é o nome dado ao transtorno psicológico caracterizado pelo vício em jogos de azar. Pessoas diagnosticadas com a doença perdem o controle sobre o tempo e o dinheiro gastos com apostas, e continuam jogando mesmo diante de prejuízos financeiros, problemas familiares ou profissionais. 

Os principais sintomas de ludopatia são os pensamentos constantes sobre apostas, a necessidade de apostar quantias maiores para obter satisfação, as tentativas frustradas de parar ou reduzir as apostas, a irritabilidade ou ansiedade nesses momentos, as mentiras para encobrir a frequência ou o valor das apostas e o uso do jogo como forma de escapar de emoções negativas.

“A ludopatia é classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma desordem psiquiátrica, também conhecida como transtorno do jogo, e pode estar associada a outros quadros, como depressão, ansiedade, dependência química e transtornos de personalidade. Por isso, é fundamental identificar os sinais precocemente, oferecer apoio e tratar este como um problema de saúde mental, não apenas uma questão de falta de força de vontade”.

Isadora Saldanha, psicóloga 

Endividamento e descontrole financeiro

Além da ludopatia e de outros transtornos mentais ligados à doença, milhares de pessoas já relataram casos de uso excessivo do cartão de crédito (quando ainda era possível), empréstimos e até comprometimento do orçamento doméstico com apostas, como já citamos anteriormente. Com isso, o jogo, que deveria ser apenas mais uma forma de entretenimento, passa a consumir recursos destinados à alimentação, saúde e educação.

Aposta como falsa esperança de renda

Em contextos de desigualdade social, o discurso de “ganhar dinheiro fácil” se torna atraente. Muitos brasileiros de baixa renda veem nas apostas uma chance de mudar de vida. O problema é que, para cada ganhador pontual, existem milhares de perdedores acumulando frustrações e dívidas.

Riscos para menores de idade

Embora proibido, o acesso de adolescentes às plataformas é uma realidade. Estudos recentes mostram que jovens de 14 a 17 anos estão entre os grupos mais vulneráveis ao vício, com altos índices de exposição e comportamentos de risco.

Normalização cultural do jogo

Quando o jogo se torna parte da cultura, seja nos intervalos de partidas, nas falas de influenciadores ou nos memes da internet, o comportamento problemático tende a ser banalizado. Isso reduz a percepção de risco e dificulta o reconhecimento dos sinais de alerta da ludopatia. 

Jogo responsável

Com a epidemia das bets, a prática do jogo responsável nunca foi tão urgente, pois cria-se condições para que as apostas sejam feitas com consciência, informação e limites.

Lembrando que entre essas práticas que ajudam a conter os danos está o reconhecimento dos próprios limites, a definição de orçamento para as apostas e o compromisso de não ultrapassá-lo, o controle do tempo que se passa nas plataformas de jogos online e, até mesmo, o uso de ferramentas de autoexclusão como forma de restringir o acesso quando perceber que perdeu o controle. 

Ao perceber essa perda de controle, é indispensável comunicar alguém próximo e buscar ajuda profissional especializada. Para isso, conte com o Instituto Bet Responsável e encontre informações verídicas sobre o assunto, além de psicólogos para atendimento presencial ou online!