Um estudo global recente publicado na The Lancet Public Health aponta que 17,9 % dos adolescentes (aproximadamente 160 milhões mundialmente) realizaram apostas no último ano. Dessas apostas, 10,3 % ocorreram de forma online, um número expressivo para essa faixa etária vulnerável.
Além disso, uma revisão sistemática da literatura indica que, entre adolescentes que já apostam online, entre 22,9 % e 57,5 % demonstram comportamentos de risco, dependendo dos critérios e instrumentos avaliativos utilizados.
Esses dados revelam claramente a magnitude do envolvimento dos jovens nas apostas digitais — um cenário preocupante que exige atenção precoce e ação por parte de famílias, escolas, empresas e políticas públicas.
Por que os jovens são mais vulneráveis?
A adolescência e o início da vida adulta são fases marcadas por curiosidade, busca por pertencimento e, muitas vezes, menor controle sobre impulsos. Esses fatores aumentam a vulnerabilidade do público jovem ao vício em apostas.
Entre os principais motivos estão:
- Impulsividade natural da idade: tendência a assumir riscos sem avaliar consequências.
- Influência de grupos e amigos: pressão social para “fazer parte”.
- Exposição digital constante: contato diário com publicidade e conteúdos que glamorizam apostas.
- Falta de conhecimento financeiro: dificuldade em entender dívidas e responsabilidades econômicas.
O papel da influência digital
As redes sociais e o universo gamer têm impacto direto na relação dos jovens com as apostas. Lives, influenciadores e até jogos eletrônicos com elementos de “loot boxes” (caixas-surpresa que simulam apostas) podem normalizar comportamentos de risco.
Esse cenário cria uma percepção distorcida, onde as apostas deixam de ser vistas como atividade de risco e passam a ser tratadas como parte do entretenimento digital.
Casos reais e sinais de risco
Diversos relatos mostram jovens endividados, abandonando estudos ou enfrentando crises emocionais por conta das apostas. Os sinais que familiares e professores devem observar incluem:
- Mudanças de comportamento (isolamento, irritabilidade, queda no rendimento escolar).
- Uso excessivo do celular/computador em jogos ou plataformas de apostas.
- Preocupações financeiras incomuns, como pedir dinheiro emprestado ou gastar sem explicações.
- Dificuldade em lidar com frustrações e perdas.
Identificar esses sinais precocemente é essencial para evitar que pequenos hábitos evoluam para um transtorno de vício.
Educação e prevenção: começar cedo faz a diferença
A prevenção ao vício em apostas deve começar antes do problema aparecer. Algumas estratégias eficazes incluem:
- Educação financeira nas escolas e em casa: ensinar jovens a lidar com dinheiro e entender riscos.
- Campanhas de conscientização voltadas especificamente para adolescentes e jovens adultos.
- Apoio familiar: diálogo aberto e sem julgamentos, fortalecendo a confiança.
- Empresas comprometidas: instituições de ensino, organizações sociais e corporações podem promover debates e fornecer informações confiáveis.
O papel das empresas e da sociedade
Embora o tema pareça restrito às famílias, empresas também têm responsabilidade. Jovens fazem parte da força de trabalho, do público consumidor e do futuro do setor. Adotar políticas de jogo responsável e educação preventiva fortalece a imagem institucional e gera impacto social positivo.
Sociedade, escolas, empresas e famílias formam, juntos, a rede de proteção necessária para reduzir os riscos.
Os jovens estão cada vez mais expostos às apostas online e, por isso, a prevenção não pode esperar. Iniciar ações educativas desde cedo é o caminho para proteger essa geração e construir um futuro mais saudável e responsável.
O Instituto Bet Responsável atua como ponte entre empresas, famílias e sociedade, promovendo informação e iniciativas de prevenção.