Parar de apostar não é apenas uma decisão racional. É uma travessia emocional, pois para quem reconhece o problema e busca ajuda, o caminho da recuperação exige coragem, disciplina e, acima de tudo, compaixão consigo mesmo.
Mas no meio do processo, é comum surgirem sentimentos difíceis, como culpa e vergonha, que podem desestabilizar a caminhada e levar à recaída do vício em apostas. E quando ela acontece, muitos pensam que falharam. Mas a verdade é que a recaída no vício em apostas faz parte do processo de superação e precisa ser compreendida, não punida. Vamos entender um pouco sobre isso?
O peso emocional de tentar parar: por que a culpa aparece?
A decisão de interromper um ciclo de compulsão não apaga automaticamente o histórico que o antecede. Quem sofre com o vício em apostas muitas vezes carrega o peso de perdas financeiras, mentiras contadas à família, oportunidades desperdiçadas ou relacionamentos desgastados. É comum que, ao tentar mudar, a pessoa se depare com a culpa por tudo o que foi vivido.
Esse sentimento, embora humano, pode ser um obstáculo. A culpa excessiva pode levar à autopunição, à autossabotagem e à ideia de que ‘não adianta tentar de novo’. Quando não é acolhida, ela alimenta o sofrimento, e não a mudança.
A vergonha como barreira para buscar ajuda
Além da culpa, a vergonha é um dos sentimentos mais paralisantes para quem tenta sair do vício. De acordo com Isadora, o medo do julgamento dos outros, a sensação de fracasso e a dificuldade de assumir a vulnerabilidade fazem com que muitas pessoas evitem pedir ajuda, mesmo quando sabem que precisam.
“A vergonha isola, e o isolamento é um terreno fértil para recaídas. Por isso, o acolhimento, seja por parte da família, de um profissional ou de um grupo de apoio é essencial. Quando a pessoa sente que pode falar sem ser julgada, ela se abre para o processo de tratamento”.
Isadora Saldanha, psicóloga
Recaída no vício em apostas: o ciclo que se repete
Na luta contra a dependência (se ela qual for) uma das maiores dificuldades na recuperação é lidar com a possibilidade da recaída. E com as apostas online não seria diferente. Segundo a psicóloga do Instituto Bet Responsável, ela pode ocorrer dias, semanas ou, até mesmo, meses após a interrupção do jogo.
“Gatilhos emocionais, estresse, tédio, frustrações ou simplesmente uma sensação de confiança excessiva (‘só uma vez não faz mal’) podem levar à retomada do comportamento compulsivo. Mas importante entender que a recaída no vício em apostas não significa fracasso, elas podem ser consideradas parte natural do processo de recuperação e devem ser tratadas como oportunidades de aprendizado”, destaca Isadora.
Em resumo, o ciclo costuma funcionar assim: a pessoa se afasta do jogo, mas em um momento de fragilidade volta a apostar. Após a recaída, vem a culpa e o arrependimento. Em vez de buscar apoio, muitos se escondem, reforçando o comportamento e criando um novo ciclo de compulsão.
Como romper esse ciclo?
Isadora afirma que romper esse ciclo exige suporte contínuo. “O primeiro passo é reconhecer que recaídas acontecem, e que isso não define quem a pessoa é ou o valor de sua tentativa. A recuperação é um processo com altos e baixos, e cada nova tentativa traz aprendizados importantes”.
Nessa busca, o apoio emocional e profissional são fundamentais. “Terapias, principalmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), ajudam a identificar padrões de pensamento que levam ao jogo e a construir novas formas de lidar com emoções difíceis”.
Além disso, a psicóloga menciona algumas ações práticas podem fazer diferença no dia a dia:
- usar ferramentas de bloqueio de sites e aplicativos de apostas;
- estabelecer uma rotina estruturada com atividades alternativas e saudáveis;
- manter contato frequente com grupos de apoio como Jogadores Anônimos;
- reduzir o acesso a formas de pagamento rápidas ou impulsivas;
- contar com familiares e amigos para reforçar o comprometimento com a recuperação.
“Não menos importante do que o que já citamos, existe a questão do autoacolhimento. Substituir o discurso interno de punição por um tom mais compassivo também é um passo poderoso para seguir em frente”.
Recaída do vício em apostas não é fracasso, é parte do processo!
Como você pode perceber neste conteúdo, parar de apostar é uma jornada que exige mais do que força de vontade. Envolve reconhecer as próprias vulnerabilidades, buscar ajuda com coragem e se permitir recomeçar sempre que for preciso.
Por isso, a recaída no vício em apostas não deve ser vista como um fim, mas como uma curva no caminho. Com apoio contínuo, tratamento adequado e ambientes acolhedores, é possível retomar o controle da própria vida, e construir um futuro mais leve, saudável e livre da dependência.
O Instituto Bet Responsável acredita que ninguém deve enfrentar essa caminhada sozinho. A recuperação é possível, e cada passo conta. Conte conosco!
FAQ
O que é uma recaída em apostas?
Uma recaída em apostas acontece quando a pessoa que estava tentando parar de jogar volta a apostar, mesmo sabendo dos prejuízos que o comportamento pode causar. Ela pode ocorrer em momentos de estresse, ansiedade ou excesso de confiança. A recaída faz parte do processo de recuperação e não significa fracasso, mas sim uma oportunidade de revisar estratégias e fortalecer o caminho para o autocontrole.
Como curar vício em apostas?
O vício em apostas não tem uma ‘cura’ imediata, mas é possível controlá-lo com tratamento adequado. O processo inclui acompanhamento psicológico (geralmente com Terapia Cognitivo-Comportamental), participação em grupos de apoio como Jogadores Anônimos, mudanças na rotina e no ambiente, e apoio familiar. O caminho da recuperação é gradual e exige acompanhamento contínuo, acolhimento e estratégias práticas de prevenção.
Como funciona a mente de um viciado em apostas?
A mente de uma pessoa viciada em apostas é dominada por um ciclo de compulsão e recompensa. Apostar libera dopamina — neurotransmissor associado ao prazer — e isso faz com que o cérebro deseje repetir o comportamento, mesmo diante de prejuízos. Com o tempo, o jogador perde a capacidade de controlar os impulsos e pode desenvolver pensamentos distorcidos, como acreditar que a próxima aposta vai ‘compensar’ todas as perdas.
Como se sair de um vício em jogos?
Para sair de um vício em jogos, é essencial buscar ajuda especializada. O primeiro passo é reconhecer o problema e procurar suporte, seja com profissionais da saúde mental, grupos de apoio ou familiares. Também é importante adotar ações práticas, como bloquear o acesso a sites de apostas, criar uma rotina mais saudável, evitar gatilhos e contar com uma rede de apoio para manter o compromisso com a mudança. Recaídas podem acontecer, mas não anulam o esforço nem a possibilidade de recomeçar.