Pular para o conteúdo
Início » Blog » RHs em alerta: como o vício em apostas impacta o absenteísmo e o clima organizacional

RHs em alerta: como o vício em apostas impacta o absenteísmo e o clima organizacional

As apostas online se popularizaram com rapidez no Brasil, não é mesmo? Tanto que em poucos anos se tornaram parte do cotidiano de milhões de pessoas, inclusive durante o expediente de trabalho. Mas o que parecia apenas uma nova forma de entretenimento digital começou a revelar uma faceta preocupante: o aumento do número de colaboradores afetados por vício em apostas e absenteísmo, queda de produtividade e deterioração do clima organizacional.

Por essas razões, o assunto deixou de ser apenas uma pauta de saúde mental e passou a ocupar a atenção dos departamentos de recursos humanos, que agora enfrentam um novo desafio silencioso: identificar e conter os impactos dessa dependência dentro das empresas.

O vício em apostas e seus efeitos invisíveis nas empresas

A maioria das empresas ainda enxerga o jogo como uma questão pessoal. Porém, quando o comportamento de um colaborador afeta o desempenho da equipe, o comprometimento das metas ou o clima entre colegas, o problema passa a ser organizacional, concorda?

A verdade é que nos bastidores de muitas operações, profissionais estão conectados a sites de apostas durante o horário de trabalho, buscando compensar perdas ou alimentar a expectativa de um ganho rápido. À primeira vista, o impacto pode parecer pontual, como alguns minutos de distração. Mas, com o tempo, essa prática recorrente afeta diretamente a atenção, o foco, o raciocínio lógico e o tempo de resposta em tarefas essenciais. E tudo isso, acumulado, gera perdas reais.

É nesse momento que nos deparamos com o absenteísmos, que há muito tempo é discutido no ambiente corporativo, mas que agora ganha uma novo episódio com os jogos e apostas online. 

Vício em apostas e absenteísmo: uma relação direta

Um dos primeiros efeitos do vício que se manifesta no ambiente de trabalho é o aumento do absenteísmo. Colaboradores com dependência em apostas tendem a se ausentar mais, chegam atrasados com frequência ou justificam faltas por motivos de saúde emocional.

Mas o absenteísmo, nesse contexto, vai além da ausência física: ele também se manifesta como presenteísmo improdutivo, em que o colaborador está no local de trabalho, mas não consegue desempenhar suas funções com qualidade ou foco.

Além disso, o vício costuma estar atrelado a distúrbios como insônia, ansiedade e depressão, que por si só também comprometem a presença e a performance no trabalho. Isso sem contar os casos em que a pessoa, tentando esconder o problema, se distancia das lideranças e evita reuniões, feedbacks e outros momentos importantes da rotina organizacional.

Queda de produtividade, erros e afastamentos: os custos ocultos

O grande problema atual para as companhias é que as consequências do vício em apostas dentro das empresas nem sempre aparecem nos relatórios financeiros — pelo menos não ainda —, mas são sentidas diariamente nas equipes. Perda de concentração, procrastinação, tomadas de decisão impulsivas, conflitos interpessoais, pedidos de adiantamento salarial, afastamentos por transtornos mentais e, em casos extremos, desvios de conduta e fraudes.

Esses são os chamados custos ocultos, os prejuízos que não aparecem como uma linha direta de despesa, mas que impactam diretamente a produtividade, a reputação interna e a motivação da equipe.

Em empresas com alta rotatividade ou em áreas críticas, como atendimento ao cliente, saúde, transporte e educação, a presença de um colaborador com comportamento compulsivo pode comprometer a segurança, a experiência dos clientes e até mesmo o resultado final do negócio.

Como o clima organizacional é afetado

Além dos custos ocultos diretamente ligados ao absenteísmo, o clima organizacional em empresas com colaboradores dependentes de jogos online também é afetado. Isso porque ele é moldado por fatores como confiança, colaboração, respeito e percepção de justiça. Quando um membro da equipe demonstra comportamento compulsivo, como jogar durante o expediente ou deixar tarefas acumuladas, os colegas rapidamente percebem e, embora o vício trata-se de uma doença, isso pode gerar desconforto, sensação de injustiça ou desmotivação.

Outro ponto importante e que precisa ser levado em consideração é que os colegas que percebem os sinais podem se sentir inseguros para abordar o assunto, enquanto lideranças que não estão preparadas para lidar com o problema podem adotar posturas punitivas, agravando a situação.

Com o tempo, a combinação de ausências, perda de rendimento e falhas de comunicação afeta a confiança mútua e cria um ambiente mais tenso e fragmentado, onde o engajamento tende a cair.

O papel do RH na prevenção e no cuidado

Diante desse cenário, o papel do RH vai muito além de identificar comportamentos de risco. É fundamental criar ambientes de acolhimento e confiança, onde os colaboradores se sintam seguros para pedir ajuda. Mas isso só acontece quando há informação, preparo e cultura organizacional alinhada com práticas de saúde mental. Veja algumas ações que podem ser implementadas!

1. Monitoramento atento de sinais comportamentais

Mudanças bruscas de humor, isolamento, uso excessivo do celular, pedidos constantes de adiantamento e queda repentina de desempenho podem indicar que algo não vai bem.

2. Capacitação de lideranças

Treinar gestores para identificar sinais precoces e conduzir conversas sensíveis com empatia é um dos pontos-chave para evitar agravamentos.

3. Campanhas internas de conscientização

Informar sobre os riscos do vício em apostas, com dados reais e linguagem acessível, ajuda a combater o estigma e a ampliar o alcance da prevenção.

4. Educação financeira e suporte emocional

Parcerias com programas de apoio ao colaborador (PAE), psicólogos, terapeutas e consultores financeiros podem ser diferenciais valiosos.

5. Revisão de políticas internas

Criar ou atualizar normas sobre uso de dispositivos, ética digital e bem-estar no trabalho, deixando claro que o foco é o cuidado, não apenas a punição.

Essas ações contribuem diretamente para um ambiente mais seguro, saudável e produtivo, fortalecendo a cultura organizacional e prevenindo situações que poderiam se tornar ainda mais complexas.

Jogo responsável também é responsabilidade corporativa

Neste post, você pode notar que o vício em apostas é uma realidade crescente, e silenciosa, dentro das empresas. Seus impactos vão além do indivíduo, afetando o desempenho coletivo, os relacionamentos profissionais e os resultados da organização como um todo. Reconhecer esse problema como uma questão de saúde corporativa é o primeiro passo para criar estratégias eficazes de prevenção e acolhimento.

O Instituto Bet Responsável acredita que o combate à dependência em jogos deve começar pelo diálogo e pelo compromisso coletivo. Empresas que se posicionam com responsabilidade têm mais chances de construir ambientes sustentáveis, acolhedores e produtivos para todos.

FAQ: vício em apostas e absenteísmo 

O que o vício em aposta pode causar?

O vício em apostas pode causar uma série de consequências emocionais, sociais e profissionais. Entre os principais efeitos estão: endividamento, ansiedade, depressão, conflitos familiares, isolamento social e prejuízo no desempenho no trabalho. Em ambientes corporativos, esse vício pode levar a absenteísmo, queda de produtividade e até fraudes, comprometendo o clima organizacional e os resultados da empresa.

Como funciona a mente de um viciado em apostas?

A mente de um viciado em apostas funciona sob o efeito de um ciclo de compulsão. O cérebro passa a associar o jogo à liberação de dopamina, o neurotransmissor do prazer. Com o tempo, essa sensação exige apostas maiores e mais frequentes para ser sentida novamente. O jogador busca repetir o “prazer da vitória” e muitas vezes tenta recuperar perdas passadas, alimentando um comportamento impulsivo e difícil de interromper sem ajuda profissional.

De quem é a responsabilidade pelos vícios nas bets?

A responsabilidade pelo vício em apostas é compartilhada entre diversos agentes. As plataformas devem oferecer ferramentas de proteção e limites de uso, conforme prevê a regulamentação brasileira. O poder público deve fiscalizar e implementar políticas de saúde pública. Mas também cabe às empresas, famílias e aos próprios jogadores reconhecer sinais de dependência e buscar apoio. No ambiente corporativo, o RH tem papel estratégico na prevenção, acolhimento e direcionamento para tratamento.

Como se chama um viciado em apostas?

A pessoa com vício em apostas é, clinicamente, chamada de jogador compulsivo ou portadora de transtorno do jogo, segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais). O termo técnico mais comum é ludopata, que define o indivíduo que sofre de dependência patológica por jogos de azar ou apostas, com dificuldade de controlar o impulso de jogar, mesmo diante de perdas ou prejuízos pessoais e profissionais.