O vício em jogos on-line já afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo, tornando-se um problema de saúde pública. Mas quem está próximo de um dependente pode ser instrumento de apoio, contribuindo com o reconhecimento e tratamento desse mal, mesmo que isso pareça desafiador.
Para isso, é necessário compreender como a dependência acontece e em quais sinais ela se manifesta, além de saber como ajudar o dependente de forma adequada. Confira a seguir como você pode fazer isso!
Reconhecendo os sintomas
No início, jogar pode parecer inofensivo, e é normal escutar rumores do próprio jogador sobre as apostas e seus ganhos ou perdas. Mas à medida que a compulsão começa, é possível notar sinais de que a brincadeira, ou o esporte, estão passando dos limites.
Primeiro, é importante lembrar que o vício em jogos acontece por uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, mas principalmente pela emoção que proporciona. “Há um pico de dopamina que se realiza no cérebro ativando o setor de recompensa e bem-estar imediato, afetando a mente dos jogadores de uma forma tão complexa que eles buscam satisfazer isso cada vez mais”, diz a psicóloga Isadora Saldanha.
Quando a dependência em jogos já é uma realidade, reconhecer os sintomas é o primeiro passo para ajudar algum amigo ou familiar que esteja passando pelo problema.
Sintomas do vício em jogos que podem ser notados por familiares:
- isolamento (afastamento de família e amigos);
- irritabilidade/inquietação;
- descuido em relação à aparência;
- perda ou ganho de peso;
- pedir dinheiro emprestado sem motivos;
- dificuldades financeiras.
- Mentiras constantes
Acolhendo o dependente
Depois de reconhecer em alguém que você ama os sintomas que citamos acima, o ideal é acolher e oferecer ajuda, criando um ambiente onde a pessoa se sinta segura para se abrir. Isso deve ser feito com compaixão e sem julgamentos. Utilize frases como ‘estou preocupado com você’ e seja específico sobre os comportamentos que te preocupam, mas de forma gentil.
“Por mais difícil que seja a situação para todos da família, quanto mais acolhedor for o contato e o relacionamento com o dependente, maior a chance da pessoa se abrir e aceitar ajuda”.
Isadora Saldanha, psicóloga
Ainda assim, é importante estar preparado para uma possível resistência inicial, pois a negação é comum. Lembre-se: o vício em jogos afeta não só o indivíduo, mas todo seu círculo social.
Buscando ajuda profissional
Além de acolher o familiar, é importante procurar ajuda de um profissional de saúde mental para saber qual o tratamento ideal, já que isso pode variar para cada indivíduo.
“Esse é um momento difícil para todas as pessoas próximas ao dependente. Por isso, todos precisam ser acolhidos, buscar e receber ajuda. A família estar fortalecida e engajada no tratamento é a melhor coisa para o paciente vencer a dependência ”.
Isadora conta que o tratamento para dependência em jogos é muito similar ao da dependência química, justamente pelos fatores serem parecidos. Geralmente, é uma combinação de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), terapia familiar sistêmica, grupos de apoio e, em alguns casos, medicação.
Protegendo seus bens
Na maioria das vezes, o vício em jogos faz com que o dependente perca o controle financeiro, colocando em risco seu patrimônio e o bem-estar da família. Por isso, é importante que os familiares estejam atentos a esse ponto também, oferecendo apoio constante e o ajudando a lidar com os desafios da recuperação financeira.
Proteger os bens de seu familiar, como economias, imóveis e outros recursos, é uma medida de segurança importante. Isso pode ser feito por meio do controle compartilhado das finanças, como limitar o acesso a contas bancárias e adotar práticas de proteção patrimonial.
“Essa abordagem protege o patrimônio, dá tempo para o tratamento e, o mais importante, demonstra um suporte sólido, que contribui para que o indivíduo se sinta seguro e confiante para buscar ajuda e, aos poucos, retomar o controle sobre sua vida financeira”.
Isadora Saldanha, psicóloga
Um passo de cada vez
Ao oferecer ajuda a um familiar ou amigo com problema de vício em jogos, é importante lembrar que, ao mesmo tempo que o suporte e apoio são valiosos, esse é um processo desafiador. Ainda que você esteja ‘cuidando do outro’, não esqueça de cuidar da sua própria saúde e bem-estar, estabelecendo limites sobre o que você pode e o que não pode fazer pela pessoa.
“A recuperação é um processo, não um evento. Haverá altos e baixos. Sua paciência e apoio contínuo podem fazer uma diferença significativa, mas a mudança deve vir da própria pessoa”, finaliza Isadora.
Para saber mais sobre o vício em jogos e saber como ajudar alguém, acesse nosso site e junte-se a nós na luta por jogos responsáveis!